Gazeta Médica da Bahia, No 79 (143)

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FOCO EMERGENTE DE LEISHMANIOSE TEGUMENTAR (LT) NO ENTORNO DO PARQUE NACIONAL DOS LENÇÓIS MARANHENSES, NORDESTE, BRASIL

Antonildes N.A. Júnior, Orleans Silva, Jorge Luiz P. Moraes, Flávia Raquel F. Nascimento, Yrla Nívea O. Pereira, Jackson M.L. Costa, José Manuel M. Rebêlo

Resumo


Os aspectos epidemiológicos da leishmaniose tegumentar (LT) e a ecologia dos flebotomíneos vetores foram estudados
no município de Barreirinhas, região do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. O coeficiente de detecção, os
dados demográficos e temporais da LT foram obtidos no período de 2000 a 2004, em 87 povoados e na sede municipal.
Os flebotomíneos foram coletados com armadilhas luminosas HP nos ambientes intradomiciliar e peridoméstico de
13 localidades com focos ativos de transmissão. Foram registrados 451 casos de LT e o coeficiente de detecção (CD)
geral foi de 246,0. Em 2002 observou-se o maior número de casos absolutos (124 casos) e o maior coeficiente de
detecção de casos autóctones (338,2). A doença predominou no sexo masculino (59,9%), nas faixas-etárias de 10-19
anos (24,4%) e 20-29 anos (19,3%), entre os lavradores (45,2%) e na estiagem (74,3%). Foram capturados 3.010
espécimes de flebotomíneos (machos: 65,2% e fêmeas: 34,8%) no peridomicílio (61%) e no intradomicílio (49%). As
espécies predominantes foram Lutzomyia whitmani (44,31%) e L. longipalpis (28,64%). A LT encontra-se amplamente
distribuída no município de Barreirinhas, comportando-se como uma doença essencialmente ocupacional por se
manifestar mais no agricultor e nas faixas etárias mais produtivas, sugestivo de transmissão predominante no
extradomicílio. Porém, a existência de casos em crianças em idade pré-escolar, sugere transmissão também em
ambientes domiciliares. Essa hipótese é fortalecida pela presença freqüente do vetor, L. whitmani, no peridomicílio.
O período sazonal de estiagem revelou-se como o mais importante para o processo de transmissão e desenvolvimento
da doença, devido ao maior contato das pessoas com os flebotomíneos vetores, mais abundantes nessa estação.
Palavras-chave: leishmaniose, epidemiologia, insetos vetores, flebotomíneos, Psychodidae.

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