Gazeta Médica da Bahia, No 1 (139)

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Epidemiologia das Leishmanioses no Brasil

Jackson M. L. Costa

Resumo


A ocorrência de várias espécies de Leishmania, o contínuo aumento das afecções causadas por esses parasitas (formas tegumentares e visceral) e as diferentes situações epidemiológicas encontradas, tanto em regiões de colonização recente quanto antiga, com tendência à urbanização, vem requerendo a adoção de diferentes estratégias para o controle dessas endemias no Brasil. Baseado em dados de notificação do setor de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS), avaliou-se a situação da Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) e Leishmaniose Visceral Americana (LVA) por municípios e as perspectivas de seu controle. Em relação à LTA, observou-se um coeficiente de detecção (CD) variável entre 10,45 e 22,9 por 100.000 habitantes; mostrando uma expansão geográfica do referido agravo. A região Norte destacou-se com 34,9% do total de casos, com risco da população adoecer de 92,3/100.000 habitantes (cinco vezes a média nacional). A expansão do Centro-Oeste correspondeu à segunda maior em CD, com uma média de 38,8/100.000 habitantes; sendo seguida pela região Nordeste, com 30,8/100.000 habitantes, para o ano de 1995, contribuindo com o 2o maior número de casos do país (28%), porém com risco da população adoecer de 19,7/100.000 habitantes As demais regiões (Sudeste e Sul) não desempenharam papel preocupante quando se tratou da distribuição dos casos em nosso país. No que diz respeito à LVA, observou-se que, nos últimos dez anos, a média anual de casos foi de 3.156 casos, e a incidência de dois casos/100.000 habitantes A faixa etária mais predisposta a desenvolver a doença são os menores de 10 anos (54,4%), sendo 41% dos casos registrados em menores de 5 anos. O sexo masculino é proporcionalmente o mais afetado. Os dados epidemiológicos dos últimos dez anos revelaram a peri-urbanização e urbanização da LVA em nosso país. As perspectivas de controle da doença são complexas, requerendo esforços junto às comunidades, envolvendo educação, provisão de informações, promoção de saúde, devendo ser específicas, conforme a situação epidemiológica de cada região. O conhecimento do maior numero de casos suspeitos, diagnóstico e tratamento precoces, identificação do agente etiológico, conhecimento das áreas de transmissão e redução do contato homem vetor por meio de medidas específicas devem ser destacados.
Palavras-chave: Leishmaniose tegumentar americana, leishmaniose visceral americana, Ministério da Saúde, controle, Brasil.

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